segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

alternativa? emigrar!


o primeiro ministro de Portugal aconselhou os professores desempregados a emigrar. esta parece ser uma das soluções possíveis para os professores desempregados e, pelo menos, é uma das primeiras soluções a ser avançada para ajudar a resolver o problema destes profissionais. trata-se da segunda vez que, detentores de cargos públicos de elevada responsabilidade neste governo, sugerem a emigração como meio de resolver a questão do desemprego.

no mínimo, parece-me estranho e pouco ético que, um primeiro ministro democraticamente eleito para arcar com a responsabilidade de, entre outros, ajudar a resolver o problema do desemprego, aconselhe a emigração os seus concidadãos. esta forma de concorrer para a resolução do problema parece-me má.

no entanto, não deveria ficar surpreendido. a sugestão é representativa da situação política a que chegámos com, pelo menos, 30 anos de má governação, em que, no fundo, todos estamos implicados, co-responsáveis que somos pela eleição democrática de partidos cujas prioridades, discutíveis e decisões negligentes redundaram, volta e meia, em sacrifícios pedidos aos cidadãos. não são os sacrifícios que me motivam uma visão negativa mas sim, continuarmos sem uma linha de rumo, uma prioridade estratégica, uma aposta a médio e a longo prazo que constitua fonte de esperança e de sentido para Portugal.

assim, com sugestões destas, verifica-se facilmente que continuamos um povo “merceeiro” que na riqueza e na pobreza continua a pensar no presente e...” quem cá ficar que o ganhe!”... as várias ondas de emigração por que Portugal passou, nomeadamente nos anos 60 e 70 do século XX, com vários custos sociais, culturais e familiares foram esquecidas. temos fraca memória!

de que vale apelar à unidade nacional, à defesa de valores nacionais, à solidariedade, ao espírito de sacríficio, ao orgulho, quando a resposta que se dá é: estão a mais, não temos trabalho para vós, vão-se embora, desenrrasquem-se.

estou farto das caras compungidas a falar do esforço nacional necessário, de imperativo nacional, de sacrifícios para todos, de justiça social, etc. acho nojento falar do princípio do utilizador pagador aplicado às portagens das ex-SCUT e ao acesso à saúde. estou farto do desnorte, da falta de rumo, da ausência de solução, da demagogia, do engano, da falsa esperança, das palavras. vivemos tempos em que cada vez mais sob um manto diáfano de fantasia se vai construindo uma realidade em que a nudez forte da verdade se traduz em massificação e insensibilidade social. há um novo tipo de escravatura do cidadão comum, que de maneira já não branda e insidiosa se vai instituindo e parece ser branqueada por todos nós quando, nas urnas, exercemos o nosso direito de voto.

e que alternativa temos? emigrar!

se não fizesse um esforço diário para pensar que os governantes e os governos têm como principal objectivo a promoção do bem comum dos seus concidadãos, diria que eramos finalmente chegados ao deboche e à pornografia na política, no sentido em que tudo é permitido, exibido e dito, sem pudor e consideração pelo cidadão anónimo. tudo parece ser uma mentira. e não há vergonha!

nestes dias que correm, apenas o dinheiro liberta! salve-se quem puder!

sábado, 10 de dezembro de 2011

um segundo


agora não quero pensar...
o que mais me aborrece é que não confias em mim e achas
que me deixo levar pela mesquinhez dos pensamentos primários.
a traição não está no que fazemos com os outros mas no que fazemos a nós mesmos:
quando não conseguimos confessar uma coisa a nós mesmo, atraiçoamo-nos...
no espaço de breves momentos conseguimos destruir o que levou tempo a erguer...
pensa nisso um segundo...