quarta-feira, 12 de setembro de 2012

fumos de revolta




a sensação de que não vamos a lado nenhum é cada vez maior.

no espaço de 5 dias, os portugueses foram infomados sobre a proposta de novas medidas de austeridade, as quais conseguiram o efeito de suscitar a crítica negativa e a oposição de personalidades de todos os quadrantes do espectro político em Portugal.

registo este facto porque é sinal de que ainda há quem tenha a decência de pensar pela própria cabeça e não estar sob o jugo do interesse partidário.

as novas medidas constituem uma violência que afecta sobretudo os mais desfavorecidos e a classe média. a lógica é simples: ir directamente ao bolso dos trabalhadores por conta de outrém, de forma rápida e limpa. É mais fácil obter receitas desta forma do que repensar o estado e olhar às suas ineficiências e gorduras.

O aumento da taxa para a segurança social de 11% para 18% constitui uma violência sem precedentes sobre os trabalhadores, sob todos os pontos de vista e sobretudo quando, em paralelo, assistimos à redução das prestações sociais e aos cortes em áreas como a Saúde e a Educação.

relativamente às empresas, a redução da TSU suscitou opiniões convergentes: só marginalmente poderá contribuir para a manutenção do emprego, pelo que continuaremos a assistir ao aumento do desemprego, numa conjuntura em que a maioria das empresas estão cautelosas com reduzido acesso ao crédito bancário.

ao anúncio feito pelo primeiro ministro, somamos agora as medidas propostas pelo ministro das finanças que redundam em mais aumento de impostos.

estamos a ser esmifrados num torno accionado pela tróika e pelo governo. sem perspectivas de que os sacrifícios pedidos resultem a médio ou a longo prazo numa melhoria das condições de vida das pessoas.

o governo não enfrenta os lobbys, os interesses, a banca, as grandes empresas e os grupos ecnómicos.

o governo não tem a mínima noção do impacto das suas medidas no cidadão comum. não me refiro apenas ao impecto no rendimento disponível, mas ao impacto psicológico. a desmotivação, a sensação de injustiça e a revolta social nascem quando as pessoas interiorizam que estão a ser governadas por políticos que arrumaram a ética na gaveta.

a crise que era económica, mostra sinais de rapidamente se poder tornar numa crise social grave. Os sinais estão à vista, com esta tendência para a convergência numa frente comum de vários sectores e sensibilidades da sociedade portuguesa. No horizonte, fumos de revolta.

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