sexta-feira, 21 de maio de 2010

Na quietude da noite

uma daquelas noites longas, quentes, transpiradas

uma noite em que apetece apanhar uma brisa à janela, ver e ouvir o ruido do mar - um mar susurrante, aluado num um caminho de prata

uma noite para uma longa conversa numa varanda... dois amigos desfiando conversas mínimas, tom baixo, falando do que foi e do que podia ter sido... o som fresco de latas de cerveja a serem abertas, de dois copos tilintando, pedras de gelo rolando lá dentro.

uma noite preparada para o silêncio de um passeio pela avenida deserta... braço dado, ombro contra ombro, cintura contra cintura.

uma noite de leituras com significado, uma noite de memórias escritas...

uma noite solitária, embruxada, solenemente povoada de memórias e de fantasmas.

uma noite de amor ou de sexo, em lençois escorregadios, corpos lustrosos e ofegantes, prazeres protelados, ligeiramente frustrados e mais tarde satisfeitos,

uma noite assim, fora de época, singular

uma noite suave

uma noite quieta, sem muitas palavras, com muitos significados

uma noite despida, esperando ser possuida

2 comentários:

  1. Os sortilégios da noite muito bem desenhados. Belo texto.

    ResponderEliminar
  2. Quem não viveu uma noite assim ? Por vezes fisicamente acompanhada, mas sabendo que só as recordações do passado nos aconchegam e nos afagam . Lembrando amizades . Como é belo,o sentimento amizade !
    Parabéns, excelente e sensível texto.

    ResponderEliminar