o governo anunciou ontem que vai encerrar mais 500 escolas.
a justificação é que turmas com menos de 20 alunos obtêm pior aproveitamento escolar.
na minha opinião, por trás da desculpa esconde-se uma questão exclusivamente económica: são menos professores, são menos instalações para manter, etc.
o resultado certo desta medida é mais um contributo directo para a desertificação do país. estas escolas não vão fechar em lisboa, porto ou na amadora, vão fechar em trás os montes, nas beiras, no alto douro, no alentejo e no algarve. no interior.
numa perspectiva optimista, podemos sempre esperar um futuro, a breve trecho, em que para além das praias do algarve e de pouco mais, podemos oferecer ao turista moderno, um pacote telúrico, com passeios guiados por um portugal deserto e arruinado. ficarão as ruínas, pois a marca do homem é sempre mais demorada a apagar.
mas estas questões não interessam a ninguém... talvez apenas interessem aos directamente interessados: às crianças que em maior ou menor grau são desenraizadas do seu meio e aos pais das crianças que vão ter de se acomodar. Mas estas pessoas não contam para nada...
vi a ministra da educação a justificar a medida na televisão e fiquem constrangido. a ministra, a quem não nego interesse e preocupação pelas crianças e pelos jovens, parecia constrangida, justificando o que parece não ter justificação. pareceu-me que a ministra não acreditava nas explicações que verbalizava. foi a minha leitura. devo estar a ler demais no rosto dos outros.
é um país triste, onde os pensamentos são tristes, as acções tristes e em que a esperança está totalmente desesperada!
Proposta de audição: ária "verdi prati, selve amene" da ópera de Handel Alcina
Diogo Jota (1996-2025)
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