quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Monte dos Vendavais (Wuthering Heights) por Emily Brontë


da primeira leitura conservo a atmosfera, a intempérie, a paisagem agreste que faz as personagens agrestes; um sabor a antigo, a emoções intensas e impiedosas.

tinha uns 13 anos quando li O Monte dos Vendavais de Emily Bronte pela primeira vez. Gostei muito.

o amor de Cathy e Heatchcliff constitui uma estranha forma de pensar, sentir e viver esse sentimento. trata-se de um Amor que não procura a felicidade, antes a vingança e a satisfação dos instintos mais mesquinhos. é um Amor predestinado, irrecusável e que se perpetua e realiza na destruição dos seus sujeitos. parece a antítese do Amor. mas o Amor de Cathy e Heathcliff é imortal, pois mesmo depois da morte existe uma promessa de amanhã. por isso, talvez, O Monte dos Vendavais continue hoje a ter leitores.

relendo-o, recuperei algumas das sensações da primeira leitura, mas não a surpresa. recuperei o fantasma de Cathy, enunciado à janela, pedindo para entrar, recuperei a crueldade de Heatchcliff, a força da obcessão que o consome. revi Ellen Dean sentada à lareira, cozendo e narrando a história, com o distanciamento de quem tem consciência de que a sua culpa não é de pouca importância. e Mr. Lockwood ajudando-nos a nós, os visitantes, que por um motivo ou por outro chegamos ao Monte dos Vendavais e temos que privar com personagens tão humanas e tão rudes.

sobretudo, permanecerão duas imagens: Cathy à janela pedindo para entrar; Cathy e Heathcliff reunidos depois da morte, percorrendo o monte em noites de vendaval.


O Monte dos Vendavais (Wuthering Heights)
Emily Brontë
edição: Relógio d'Água
tradução: Maria Franco e Cabral do Nascimento
prefácio de Hélia Correia

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